Finalmente
lançaram um app de reconhecimento facial que não é racista
Pude comprovar que o recurso Art Selfie, do Google,
reconhece com veracidade os traços físicos de pessoas negras.
Print do aplicativo. Acervo pessoal
Faço parte da geração em que
selfie é rotina. Olhou pro lado, se não sou eu, tem outra pessoa se
posicionando na frente do celular para tirar um auto-retrato.
Pode parecer vaidade ou algo
fútil para muita gente, mas vale lembrar que, muito antes de nós, artistas como
Gauguin e Van Gogh também curtiam à beça olhar os detalhes de si mesmo em
várias situações. Diria que é algo quase instintivo e que, como cientistas
andam dizendo por aí, pode melhorar nossa autoestima.
O Google aproveitou essa onda
dentro do aplicativo Arts and Culture e liberou aos brasileiros, nesta quinta,
a função Art Selfie, que nada mais é que comparar sua selfie com obras de
centenas de museus espalhados pelo mundo.
Como a ansiedade fala mais alto,
baixei logo para ver no que iria dar. Confesso que as expectativas não eram das
melhores. Eu, afinal, sou negro e a grande maioria dos aplicativos de
reconhecimento facial possui algoritmos que trabalham para não
reconhecerem traços negros e asiáticos.
Os exemplos desse racismo
tecnológico são muitos: podemos falar da vez em que as webcams da HP detectaram
um rosto branco com facilidade e apresentaram dificuldades em
reconhecer um rosto negro; ou quando o reconhecimento de imagem do
próprio Google categorizou dois amigos negros como
"gorilas".
Minha previsão mais otimista era
que o aplicativo ofereceria obras com retratos de tons de pele mais claro que a
minha. Quando acessei, porém, fiquei surpreso com a semelhança nos tons e, no
meu caso, até houve uma comparação com um quadros onde o desenho são mulheres,
o que achei ótimo.
Muita gente fala que carrego traços indianos. Mais uma vez, amei.
No mesmo dia que baixei o app,
amigos, também negros, fizeram o mesmo e ficaram tão contente quanto eu. E de
novo, a semelhança estava lá: sem distorções da cor de pele e traçados.
O lance de tudo isso é sacar o
quanto a representatividade é mais que necessária e deve ser imperativo num
contexto onde ainda é preciso quebrar o machismo, racismo e todos os
preconceitos que soam autoritários. E não tem nada mais chique do que ser
comparado a uma obra de arte, não é mesmo?
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