A CIDADE DO SILENCIO
A
NOVA PARAUAPEBAS, depois dos temporais.
AS
PORTAS DO INFERNO
Sou
eu, sou eu,
Sou
eu ó Senhor,
Precisando
de oração
Sei
que me cairá bem este terno
Provei-o
nas rotas do inferno
(do
folclore americano) ....in MARCAS DA
VIDA, JAMES BALDWIN, pg 473
Assistimos cotidianamente o atraso
e o marasmo total que permeia toda e qualquer atividade na metrópole do minério
de ferro. O desanimo é geral e paralisador. O que esta acontecendo com a outrora dinâmica Parauapebas, detentora da maior cifra de exportação do Brasil?
Seria apenas o tremendo e insolúvel
desastre politico, social e econômico da eleição, posse e exercício pleno da
função de Valmir da Integral? Ou seriam as transformações no mercado
internacional do minério de ferro. Nunca saberemos qual o fator, apenas
diríamos que vivemos uma crise. Não, uma crise, não. Um crash, uma trombada a
350 por hora e uma queda brutal, paralisante mas ainda com vida. Atordoados, os
agentes não sabem o que fazer, se refazem, agora aleijados jamais recuperam a
velocidade e a capacidade anterior, mas seguem em frente.
É assim que faremos. Jamais
voltaremos ao dinamismo e capacidade anteriores, mas ainda continuaremos
Parauapebas. Dentro de dois anos, a população atual, que era de 183 mil
habitantes em 2012, atualmente já reduzida para cerca de 175 mil, continuara
reduzindo, para estabilizar em torno de 2017 em 100 mil habitantes. E ficará nisso, variando entre 80 mil a 100
mil pessoas. Regiões inteiras da cidade estarão abandonadas. Os novos
loteamentos, Buriti, Nova Carajás e todos os absurdos novos lançamentos,
estarão sucateados. A antiga pressão por
escolas, creches, casas, estará esgotado. A administração publica vendo sua
receita reduzir drasticamente, ainda pior do que até agora, encontrará novos
meios de relacionamento, dispensando funcionários, suspendendo completamente
qualquer investimento, estagnando a cidade dentro de sua zona do possível.
As grandes lojas ao longo dos anos
irão se definhando. O exemplo da loja Avenida no Partage Shopping que já reduzindo atividades, será seguido por todos os grandes, irão se reduzindo aos
poucos, outros suspenderão por completo
e abruptamente suas atividades, reconhecendo prejuízos imensos. As obras de
novos investimentos serão paradas, muitos perderão rios de dinheiro por não
estarem atentos aos sinais da estagnação.
Todos os que investirão na
prefeitura sem licitação, contratos, ou mesmo aqueles que passaram por
contratação legal jamais receberão seu pagamento. Sem caixa, falida porque seus
orçamentos já acima do bilhão não permite aos seus gestores pensar livremente e
com outros cenários, a prefeitura vai virar o maior caloteiro da região.
Serviços básicos como limpeza urbana, merenda escolar, landscape serão
interrompidos ou mesmo afetados profundamente. Teremos outra forma para olhar a
gestão municipal.
Aqui, vamos ter que apelar para as
verbas federais hoje desprezadas. Os investimentos
do governo central irão manter parte da máquina local. Muitos irão quebrar.
Atualmente os supermercados já
estão vendendo alimentos com defeitos e estragados (falapeão.blogspot.com) porque estão
girando com maior lentidão seus estoques. Ainda não perceberam a serio o peso da crise. Dentro de dois anos, mais da metade deles vão fechar as portas. Os
sobreviventes terão que inventar uma nova forma de precificação, porque a
população sem dinheiro ira buscar a melhor compra. Há a possibilidade da inflação
local crescer, vai depender do arranjo das forças nativas. Neste momento, todos
que sentiram o golpe estão aumentando seus preços e não sobreviverão.
Vai aparecer aqueles empreendedores
que neste novo cenário já surgirão com custos menores, podendo oferecer um
melhor preço e ganhar dinheiro. Estes irão substituir aos poucos os gananciosos
atuais. Haverá uma troca de comando na sociedade e logo. Os preços ainda não
caíram o suficiente, vão cair ainda mais, daqui a 1,5 anos, 2. Uma nova cidade ressurgirá.
O dia a dia será tocado por novos
negociadores. Os bancos terão filas menores, o transito será mais limpo, a
violência será ainda maior e mais cruel. Os postos de gasolina ficarão sem
vender e se adequarão a nova demanda. Os hotéis serão fechados na sua maioria.
Teremos um preço menor nas diárias e os proprietários mais inteligentes
sobreviverão. Definitivamente não haverá espaço para sequer quarenta por cento
dos empreendimentos atuais. Já sentimos
uma redução de metade da atividade econômica da cidade, perderemos mais
uns vinte e cinco por cento. Após o primeiro refluxo populacional da cidade,
ocorrido em 2014, continuaremos a ver nossos amigos partindo. Eu já perdi toda
a minha turma do domingo, todos foram trabalhar em outras obras espalhadas pelo
Pará e restante do Brasil. Grande parte dos investimentos feitos na
irresponsabilidade do crescimento eterno vão virar museus. Veremos daqui a
poucos anos o estrago que a ambição desenfreada, a falta de visão e planejamento
provocam numa sociedade.
E infelizmente, o marco da
transição será deste desgoverno de Valmir da Integral. Entrará para nossa
historia como o momento do crash. E muito da nova realidade será atribuída a
ele. Grande parte desses investimentos absurdos, como a duplicação da PA, sem
convenio com o governo do estado e sem nenhuma utilidade para a sociedade será
visto como acabada loucura daqui a poucos anos. E grande parte das obras e
bobagens da gestão atual.
A VALE se tornara a cada dia mais
ausente dos nossos novos problemas. Não
ira contribuir, mesmo porque, na derrocada da cidade surgirá grupos de pressão
sobre ela, como em Itabira e em tantas outras cidades que sentirem o peso da
nova realidade da mineração global. Alerto que, não será o fim, apenas um
crash, insisto. Esta região milagrosa que vivemos nela, continuara a atender a
demanda global por mineiros, mas agora com preços e lucros menores, a patamares
ajustados com a nova dinâmica mundial: minas menos produtivas, mais espalhadas
pelo mundo, fretes maiores, distribuição e logística melhores. E compradores
com disposição para pagarem sempre menos, com a tecnologia tornando relativa a qualidade
da matéria prima. Os grupos de pressão sobre a VALE irão impor limites
municipais à atividade. E buscar produção menor, para manter as cidades por
mais tempo. Recordes de produção serão substituídos por recordes de
preocupação.
Aos poucos vamos aprendendo a viver
com menos. Mas a mudança, se agora brutal, se tornará pior, mais estreita e sem
saídas. Haverá sobreviventes e estes serão os melhores, os escolhidos para
criar a nova Parauapebas.
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Parauapebas esta virando historia...
e não temos lideranças ou grupos de discursão pensando a nova realidade. Como
tudo nesta sociedade egoísta, será pela ultima vez cada um por si.
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