23 maio, 2014

Normas e legislação

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NBR 15575

Conheça o capítulo da norma de desempenho que traz requisitos para pisos em edificações habitacionais

Relatora comenta os requisitos mais importantes da parte 3, que contempla pisos internos e externos de casas e edifícios residenciais

Por Juliana Nakamura
Edição 198 - Setembro/2013

NBR 15.575-3 estabelece requisitos técnicos
de segurança para o usuário, resistência ao fogo,
estanqueidade e durabilidade para sistemas de pisos.
A parte 3 da ABNT NBR 15.575:2013 - Edificações Habitacionais - Desempenho aborda requisitos para os sistemas de pisos, estejam eles em ambientes internos ou externos. Uma novidade que o novo texto apresenta está logo na definição do sistema. De acordo com o documento que passou a ser exigido em julho deste ano, o piso é um sistema horizontal ou inclinado composto por um conjunto parcial ou total de camadas (como camada estrutural, camada de contrapiso, camada de fixação, camada de acabamento) destinado a atender a função de estrutura, vedação e tráfego.
"Esta definição é importante para que o usuário entenda que há requisitos de desempenho que dependem do sistema de piso como um todo - por exemplo, desempenho estrutural e acústico, estanqueidade e segurança ao fogo -, e outros requisitos que dependem apenas da camada de acabamento - como coeficiente de atrito, desgaste por abrasão etc.", comenta Ana Paula Menegazzo, superintendente do Centro Cerâmico Brasileiro e relatora do Grupo de Trabalho 3 da NBR 15.575.
Ana Paula ressalta, contudo, que as exigências da Norma de Desempenho também se aplicam a sistemas de pisos que não se enquadram perfeitamente nessa definição, caso dos pisos elevados ou flutuantes.
A versão revisada da NBR 15.575-3 apresenta, ainda, novidades na forma de avaliação do dano nos pisos mediante o impacto de corpo duro, no critério de fator de planeza, e no critério de segurança contra incêndio. Confira a seguir os aspectos mais impactantes do capítulo 3 da Norma de Desempenho destacados por sua relatora, Ana Paula Menegazzo.



Durabilidade e manutenibilidade
São três os requisitos contemplados pela NBR 15.575-3: Resistência à umidade do sistema de pisos de áreas molhadas e molháveis; Resistência ao ataque químico dos sistemas de pisos; e Resistência ao desgaste em uso. O requisito de resistência à umidade prevê que o sistema de pisos não apresente alterações em suas propriedades frente à presença de umidade de forma a comprometer seu uso. No caso específico de pisos cerâmicos e pedras, a mancha d'água, que é a mudança de tonalidade quando o tardoz da peça entra em contato com umidade, é permitida desde que previamente informada pelo fabricante.
Neste caso, deve constar no Manual de Uso, Operação e Manutenção do usuário. Em relação à resistência ao ataque químico, requisito relacionado diretamente com a camada de acabamento, os projetistas deverão exigir dos fabricantes a resistência ao ataque químico das camadas de acabamento e seus componentes, desde que possuam normas específicas. No caso de não existirem normas específicas, a NBR 15.575-3 contempla duas metodologias para avaliar desempenho da camada de acabamento conforme área de aplicação: seca ou molhada/molhável.
Com relação ao desgaste por abrasão, requisito também relacionado com a camada de acabamento, os projetistas deverão solicitar aos fabricantes a resistência ao desgaste dos componentes conforme normas específicas.

Segurança ao fogo, no uso e na operação
O desempenho quanto à segurança ao fogo foi muito bem descrito na ABNT NBR 15.575-3. Os requisitos críticos contemplados na norma objetivam dificultar a ocorrência da inflamação generalizada e dificultar a propagação do incêndio, da fumaça e preservar a estabilidade estrutural da edificação. Já em relação à segurança no uso e na operação dos sistemas de pisos, os seguintes requisitos se destacam: Coeficiente de atrito da camada de acabamento; Segurança na circulação; e Segurança no contato direto.

A questão do coeficiente de atrito é de extrema importância e requer muito cuidado do projetista durante o processo de especificação da camada de acabamento do piso. Cabe ressaltar que a resistência ao escorregamento não é uma característica intrínseca do material da superfície, uma vez que depende de inúmeros fatores. Entre eles, podemos destacar: superfície da camada de acabamento (geralmente superfícies mais rugosas tendem a apresentar maior coeficiente de atrito, porém são de difícil manutenção e limpeza), tipo de solado que circula sobre a superfície, meio físico entre o solado e a superfície da camada de acabamento (se há sujidades, óleo, água etc.) e a forma como o usuário interage com a superfície durante seu uso (fatores antropodinâmicos, como a forma de pisar do indivíduo). Ou seja, não existe uma camada de acabamento antiderrapante, mas sim uma condição de uso com menor risco de escorregamento. Sendo assim, utilizar apenas o coeficiente de atrito da camada de acabamento como parâmetro para especificar um produto para as áreas críticas, tais como áreas molhadas, rampas, escadas em áreas de uso comum e terraços, pode não garantir a resistência ao escorregamento almejada. O projetista e o usuário devem levar em consideração outros recursos para diminuir o risco de escorregamento tais como barras de apoio em boxe de banheiro, uso de tapetes de borracha e com "sistema antiderrapante" etc. A ABNT NBR 15.575-3 utiliza o ensaio e os parâmetros definidos na ABNT NBR 13.818/Anexo N - Placas Cerâmicas para Revestimento - Especificação e Métodos de Ensaios.
Estanqueidade
Outro fator de extrema importância para o sistema de pisos é o desempenho quanto à estanqueidade. Neste caso, a norma contempla três requisitos: estanqueidade de sistema de pisos em contato com a umidade ascendente, estanqueidade de sistema de pisos de áreas molháveis da habitação, e estanqueidade de sistemas de pisos de áreas molhadas. O projetista deve ter claramente as definições de áreas molhadas, molháveis e secas:
Áreas molhadas: são áreas da edificação cuja condição de uso e exposição pode resultar na formação de lâmina d'água pelo uso normal a que o ambiente se destina. Exemplos: banheiro com chuveiro, área de serviço e áreas descobertas.
Áreas molháveis: são áreas da edificação que recebem respingos de água decorrentes da sua condição de uso e exposição e que não resultem na formação de lâmina d'água pelo uso normal a que o ambiente se destina. Exemplos: banheiro sem chuveiro, lavabo, cozinha e sacada coberta.
Áreas secas: são áreas onde, em condições normais de uso e exposição, a utilização direta de água (por exemplo, lavagem com mangueiras, baldes de água etc.) não está prevista nem mesmo durante a operação de limpeza. Quanto ao requisito de estanqueidade de sistema de pisos em contato com a umidade ascendente, o projetista deve garantir que o projeto atenda às normas NBR 9.575:2010 - Impermeabilização - Seleção e Projeto e NBR 9.574:2008 - Execução de Impermeabilização.
Quanto à estanqueidade de sistemas de pisos de áreas molháveis, a ABNT NBR 15.575-3 estabeleceu que áreas molháveis não são estanques, sendo que esta informação deve constar no Manual de Uso, Operação e Manutenção. Portanto, não pode haver formação de lâmina d'água nas áreas molháveis.
Em relação à estanqueidade de sistemas de pisos de áreas molhadas, a ABNT NBR 15.575-3 estabelece que a superfície da face inferior e os encontros com as paredes e pisos adjacentes devem permanecer secos quando submetidos a uma lâmina d'água de no mínimo 10 mm em seu ponto mais alto, durante 72 horas.
Desempenho acústico
Um dos fatores mais críticos referentes aos entrepisos é o desempenho acústico. Neste caso, foram considerados o isolamento de ruído de impacto no sistema de piso (caminhamento, queda de objetos etc.) e o isolamento de ruído aéreo (conversas, som proveniente de TV etc.).
As edificações que apresentarem melhor desempenho acústico (nível intermediário e superior) terão um valioso instrumento de marketing, uma vez que são muitas as reclamações atuais de usuários descontentes com o desempenho acústico de suas edificações, principalmente no que se refere ao ruído de impacto em piso.