CALOTES PADROCINADOS
Sempre
analisamos os golpes no comercio local e as juntas do trabalho sempre lotadas:
é a estratégia econômica da VALE, gerar riqueza para abater no preço internacional
do minério, tornando-o mais competitivo frente a transferência liquida de
riqueza dos seus fornecedores para seu estoque de capitais e produtos.
Estudamos
as diversificadas formas da poderosa mineradora quebrar seus prestadores de
serviços ainda na década de 90, quando a Integral, à frente Pavão (o vereador
ainda quase menino) e seu patrão, Valmir da Integral me contatou em Carajás
para descobrir porque não ganhavam dinheiro de jeito nenhum trabalhando para a
Vale.
Analisando
os contratos descobri naquele tempo detalhes preocupantes: a – num ambiente de
inflação galopante a VALE acertava contratualmente a média dos três últimos meses,
numa atitude de perversidade técnica, obrigando as empresas entregarem o patrimônio
de seus proprietários na forma de reposição inflacionária, b- o gerenciamento
de recursos, na época as ferramentas e outros materiais eram fornecidos pela
VALE, que impunha a lotação de pessoal nos seus pátios e os mesmos ficavam
esperando a liberação de ferramentas e materiais, num caos gerencial comandado pelo
escalão mineiro e o qual cedia para quem os “agradasse mais” e c) como os atrasos
no deposito das notas fiscais, cujos fornecedores ficavam malucos e os empregados
nunca sabiam quando receberiam por seus serviços.
Os
tempos passaram, veio a ISO 9000 e muito arranjo foi feito, muito esforço entregue,
mas a perversidade de homens magoados não mudou.
Fazendo
nova análise de como uma mineradora de classe mundial, com sucessivos recordes
de produção e embarques poderia permitir no seu quintal tamanho desrespeito com
sua principal cadeira de suprimentos – a social, pois são empresas instaladas
aqui, na sua cidade, fizemos a descoberta mais cruel e paralisante: havia uma
estrutura de calote, em que a companhia aplicava pesadas multas e cobrava no
faturamento, além de atrasar pagamentos, alternando atas a seu bel prazer e
insistindo em não pagar as empresas por até 60% de sua produção, forçando-as a
irem embora sem entregar o contratado, ficando o calote e o descrédito das
mesmas.
O
calote não é culpa das empreiteiras. O calote é dado pela VALE através das
empreiteiras, como explico detalhadamente no meu livro MANUFATURA: contrato
pelo menor preço, pagar sempre uma parte maior dos serviços pelo menor preço, a
contratada não consegue honrar seus compromissos, ela a despensa e contrata
outras, que dá prosseguimento. Uma obra de 1000, sai ao final de três empresas,
por apenas 600 a 800.
Esse
ganho é incorporado na produção, reduzindo custos e barateando o produto minério.
É uma forma covarde e impressionante de gerenciamento da produção mineral, pela
desumanidade e sandice.
Posso
apresentar o quadro detalhado desse recurso espúrio para a CPI, passa da hora
da cidade ajustar suas contas com a VALE.